quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Crianças Selvagens

Aprendemos na disciplina de Psicologia que os factores do meio que conferem ao indivíduo características humanas são: a cultura; os padrões de cultura; a aculturação e a socialização. As crianças selvagens são:
· Crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum.
· Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas.
· Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos.
Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade, revelam a raiz precária da nossa vida humana.

Em termos de linguagem:
· As crianças selvagens só conhecem a mímica e os sons animais, especialmente os das suas famílias de acolhimento.
· A sua capacidade para aprender uma língua no seu regresso à sociedade humana é muito variada. Algumas nunca aprendem a falar, outras aprendem algumas palavras, outras ainda aprenderam a falar correctamente o que provavelmente indicia que tinham aprendido a falar antes do isolamento.
Em termos de comportamento:
· As crianças selvagens exibem o comportamento social das suas famílias adoptivas.
· Não gostam em geral de usar roupa e alimentam-se, bebem e comem tal como um animal o faria.
· A maioria das crianças selvagens não gosta da companhia humana e percorrem longas distâncias para a evitar.
· Algumas crianças selvagens não mostram interesse algum noutras crianças da sua idade nem nos jogos que estas jogam.

Na medida em que não gostam da companhia humana, procuram a companhia dos animais, particularmente dos animais semelhantes à espécie dos seus pais adoptivos.
Ao mesmo tempo, também os animais reconhecem estas crianças, aproximando-se delas como não o fariam em relação a outros humanos.

As crianças selvagens não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem desenvolver alguma ligação afectiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um comportamento claramente selvagem. Algumas destas crianças têm ataques de ferocidade ocasionais, mordendo ou arranhando outros ou até eles mesmo.

A Psicologia do Desenvolvimento estuda os casos das crianças selvagens na medida em que se dedica ao estudo das mudanças no pensamento e no comportamento que ocorrem ao longo de todo o ciclo de vida humano. Esta área preocupa-se não só em identificar estas mudanças mas também em descobrir os motivos pelos quais estas mudanças ocorrem, e como ocorrem. Por último, os psicólogos estudam o desenvolvimento sob muitos aspectos, como por exemplo a percepção, a cognição, as relações humanas, a linguagem e as competências sociais. Apesar do desenvolvimento da criança ser privilegiado nesta área (em virtude das rápidas e profundas mudanças que ocorrem durante as primeiras fases da vida humana) a psicologia desenvolvimental também abrange o desenvolvimento adolescente e adulto (por ex. as mudanças na meia-idade e o envelhecimento).

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